AS QUATRO ESTAÇÕES
Lisa
Azul.
Veja o céu, a água, a lata que não se decompõe.
Brinque com formas mortas pelo infinito azul
Que ficam na memória do que não conheceu
In memoriam em bibliotecas
Empoeiradas e vazias.
Nada se mexe no azul.
– E agora, Iara?
Vermelha.
Esse ardor que a queima
Escala as pernas e deixa seu ventre em chamas,
À espera, espero e peço um beijo seu
Mas ao lado o que vejo
Além das formas tortas e mortas que você corrói
Seus dedos longos espalhando-se pelas frestas
Onde não mais alcanço.
À espera.
– Grite, Elza!
Verde.
Já foi livre.
Brotou descalça em ninhos ferrugem.
Andou nua sem pudor
Sem rancor e sem dor.
Rimas pobres, nunca ri, agora é cinza,
O verde apenas ficou na lembrança
De seus olhos mareantes e vidrados
Ao amanhecer.
– Acorde, Dandara…
Amarela.
Vazio ecoo seu ser
Esperança de alento
Com fome de vida
De algo que lembre a vida.
Seus filhos acordam, exigem
Um peito à espreita
Se corte, se doe e alimente um a um
Até restar apenas
O nada, o início e o fim.
– Abençoe, Maria?
Silêncio
Ouça ………………. O
na Luz.