Silêncio
Márcia Okida
O vermelho fugiu do papel.
Deixou um rastro branco,
de sua ausência.
Os amarelos, verdes, azuis… Perderam a força,
amordaçados por mãos e braços – calados sem suas armas.
Rostos perfilados, coloridos, agora estão sós,
não têm mais o criador de suas formas e almas.
Folhas de papel vagam no ar.
Buscam a criação, a arte.
Asas azuis batem livres no infinito.
E o “Não” que agora seguramos
é a sua perda.
Da lágrima escondida que surgiu.
Dos passos que não mais achamos.
E do som que não mais ouvimos.
O vermelho fugiu…
Silenciaram-se os papéis.
* Poema em homenagem a Shigeo Fukuda, um dos grandes mestres do Design Gráfico japonês e mundial, que faleceu no dia 11 de janeiro de 2009.