Você sabe o que eu sinto?

É uma construção insana,

de desejos e vontades.

Numa luta constante, interna, entre

a razão e a emoção,

o normal e o fora do padrão.

Entre o que eu desejo, que é muito.

E o que deveria, que é pouco.

Sempre prefiro os muitos…

Aprendi, a duras penas,

a me deixar sentir,

deixar viver…

Afinal, essa história,

a minha, a nossa,

só será contada uma vez.

Só se existe uma vez.

Arrependimentos? Já tive muitos!

Dores? Sofri tantas!

Nãos? Cansei de ouvir!

Faz tempo que decidi

traçar meu caminho por rotas livres de rótulos.

Livre dos:

Você não pode!

Você não deve!

Livre de qualquer coisa que impeça, limite, proíba:

os desejos,

as vontades,

os sentimentos.

Já fui presa, aprisionada, limitada,

negada, por muito tempo!

Hoje, é como se minh’alma quisesse viver…

Ou se tornar mais do que ela já é…

Alcançar a totalidade dos infinitos

e preencher os poros de cada célula.

Mas, às vezes, como hoje,

como ontem,

como nestes

agoras,

busco entender que seria melhor

não!

Ou não?

Tento aceitar que não devo!

Mas eu quero!

E muito…

Então, caminho…

Caminho na direção oposta.

Fujo.

Nego.

Me nego.

Me nego três vezes.

E continuo…

Sem olhar pra trás.

Tento.

Ando.

Mas aí algo acontece,

me viro e olho…

Para trás…

Volto…

Sinto…

Deixo a insanidade

de desejar o impossível,

tomar conta do meu corpo e da minha mente.

Já não sei o que sinto,

mas posso.

E sei o que quero,

mas não devo.

Essa dualidade persiste…

Insiste…

Nasce!

Brota!

Evolui!

E cresce…

Queima…

Toma conta de cada pedaço de mim.

De cada parte exilada de mim.

E amo,

desejo,

quero,

sinto

e, então…

Você já sabe o que sinto?

É você dentro de mim!

Não sei por quê…

Não entendo como…

Mas é você em mim!

Em cada parte destruída,

construída,

desejada,

de mim.